sábado, 2 de janeiro de 2010

HOMEM SEM ROSTO

Lílian Maial

Não sei teu rosto, então, te invento assim:
És como o sol, um deus, tão importante!
Mas vem a lua e banha o teu semblante,
E esse importante deus inventa a mim.

Eu me perfumo em versos de alecrim,
E sinto um gosto ardente e atordoante.
Vem do teu corpo o cheiro embriagante,
Que saboreio em notas de jasmim.

Teus braços fortes vêm ao meu redor,
A tua boca eu quero e sei de cor,
Mordendo as rimas, lábios de profeta!

As coxas rijas são o meu sustento,
O pão, a carne, o vinho, o meu ungüento.
Não sei teu rosto, então, amo o poeta!